As parábolas, os romances, as histórias e sagas épicas são artifícios narrativos utilizados pelos antigos mestres e sábios como uma forma de facilitar a compreensão de verdades complexas (herméticas) e as tornarem acessíveis aos estudiosos e leitores de diferentes perfis e estágios de autoconhecimento. Em várias épocas e contextos da história esta estratégia mostrou-se necessária ou para manter o segredo da dimensão mais profunda oculta por trás da letra para evitar perseguições ou mesmo como uma forma de manter o conteúdo profundo acessível apenas compreensível para pessoas que já tivessem alcançado determinado grau de desenvolvimento interior ou para pessoas que recebessem as chaves apropriadas de leitura de determinada ordem ou confraria iniciática.
Vemos que até mesmo Jesus Cristo utilizou, em muitíssimos momentos, essa mesma via. Eis uma das inúmeras passagens que poderíamos citar e que afirma isso com toda clareza: “A vocês é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas aos outros falo por meio de parábolas” (Evangelho de Lucas 8: 10).
Vivemos em outra época, num contexto cultural e histórico em que a racionalidade foi hipervalorizada e as outras muitas formas de conhecimento foram, infelizmente, quase que totalmente desprezadas.
É por isso, para poder ser compreendido pelo mundo atual, que o livro Os Diferentes Níveis de Realidade do médico e pensador francês Patrick Paul utiliza um discurso quase que totalmente racional para abrir todas as fechaduras, escancarar todas as portas e desvelar todos os segredos de forma direta, objetiva e extremamente didática.
Nesta obra, Patrick Paul, explica de forma sintética e sistemática todo o processo de Criação (Coagula) e Dissolução (Solve) do universo e da vida humana como a conhecemos.
Fazendo uso do primeiro capítulo do livro do Genesis (Bíblia Sagrada), do Prólogo do Evangelho de São João (o evangelho mais esotérico de todos) e de toda estrutura ilustrativa da Árvore da Vida (ou Árvore das Sefirás da Tradição Judaica) Patrick Paul revela toda a Cosmogonia (explicação das diversas etapas da origem do universo e do ser humano) e toda a Escatologia (as diversas etapas do Retorno do ser humano à Origem), a superação do mundo, que só é possível após uma jornada iniciática com “mortes e renascimentos” e com a criação de um novo corpo, capaz de adentrar os Grandes Mistérios e chegar até o Fim da Obra, a Pedra Filosofal da Alquimia Ocidental, o Homem Perfeito ou Divinizado (Anthrôpos teleios) da Tradição Cristã, o Homem Arquetípico (Adam Kadmon) da Tradição Judaica, o Homem Perfeito ou Universal (al-Insân al-Kâmil) da Tradição islâmica e o Homem Transcendente (Cheun-jen) da Tradição Taoísta. Processo esse que Jesus Cristo sintetizou magistralmente ao dizer “Eu venci o mundo!” (João 16:33).
Patrick Paul evidencia nesta obra a influência originária da Tradição Primordial e nos disponibiliza esse Conhecimento para que possamos continuar a caminhar nesta mesma jornada interior.